quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Poema I


Navego sem o vento
Nele vaga por mim mesma
E o que vejo é o cinzento


Parte de mim não existe mais
Sentada aqui de olhos fechados
De punhos cerrados
Joelhos no chão
Oiço o lento pingar do ácido da razão

Grito, grito, grito
Uma dor que me consome de dia
Uma lágrima que me devora a noite
Um respirar apertado que sufoca
Um vazio de não poder dizer toca-me

Tenho a boca seca
Os olhos molhados
Um olhar que me assusta quando me olho
Porque chegaste?
Porque mataste?
Porque fugiste?
Porque rasgaste?

Em mim os dias são noites
As noites são abismos
Os abismos depressão
A depressão os meus torpores
E torpores a minha morte
A morte que aos poucos me sinto entregar

Com um respirar cada vez mais lento
Continuo a navegar
Sinto o embalar das ondas
O vento que me fustiga
O sol que me arde a face
Mas eu tenho um frio
Um frio que me arrefece
Oh meu amor…

Se um dia me encontrarem
Aqui estendida
Com um sorriso nesta boca seca
Com este teu cardo estampado no corpo
Saberão o porquê
Todos eles sentiram o mesmo
Somos todos
Todos eles

E em mim todos estes devaneios
Todos estes segredos
Enquanto olho uma ultima vez para o sol
Rio a gritar,
Choro,
Parto,
Rasgo,
Seco,
Grito,
Morro,
Ah se ao menos me ouvisses…

1 comentário:

Hermínia Nadais disse...

Olá amiga! Desculpe de só agora ter vindo retribuir a visita... mas foi quando pude... os segundos têm sido curtos demais.
Gostei de todo o blog, acho que escreve muito bem. Já adicionei aos meus favoritos.
Obrigada